terça-feira, 17 de dezembro de 2013

CBF marca Copa do Brasil Sub-17 para fevereiro, mês de férias da base brasileira


Em todo e qualquer debate sobre categorias de base do Brasil, se fala na necessidade de um calendário unificado para as categorias. Campeonatos Estaduais iniciando e finalizando ao mesmo tempo e competições nacionais com datas definidas com antecedência são pressupostos fundamentais para que isto seja posto em prática. Mas a CBF parece não concordar muito com os clubes, ou pelo menos não participar dessa discussão. E marcou o início da Copa do Brasil Sub-17 para o dia 1 de fevereiro, justamente o mês para o qual vários clubes marcaram suas férias.

Ao contrário dos times profissionais, as equipes de base não podem parar suas atividades em janeiro, mês em que é disputada a Copa São Paulo, maior competição de base do País, a Copa Santiago e a Copa Votorantim, outras duas competições importantes. Por isso, fevereiro é consensualmente o mês escolhido para as férias pela maioria dos clubes, que não foram consultados sobre a data da Copa do Brasil".

Os coordenadores de base dos clubes ainda estão surpresos com a medida.  André Figueiredo "Temos um planejamento de férias em fevereiro por conta de um departamento inteiro e a CBF mandou esse comunicado. Os clubes já estão conversando entre si para saber o que podem fazer, mas sinceramente não sei o poder que temos nesse momento", disse André Figueiredo, do Atlético Mineiro, que ressalta a disposição em dialogar com a CBF.

"Queremos conversar, para contribuir nesse processo de organização", completa.

Erasmo Damiani, coordenador da base do Palmeiras, se manifestou publicamente sobre o assunto. "Hoje dia 17  recebo tabela Copa do Brasil Sub-17. Para surpresa, com início 01 de fevereiro. Uma pergunta: E as férias dos atletas? E as férias dos funcionários que trabalham direta e indiretamente ? Cade a Coordenação da CBF que não ouviu os clubes?", indagou.



Em 2013, a Copa do Brasil Sub-17 foi disputada no segundo semestre e finalizada em agosto, com o São Paulo conquistando o título em cima do Flamengo na final.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Otávio, Marcelo, Lucas Silva e muito mais: conheça as 30 revelações do Campeonato Brasileiro

Novamente sem poder contar com os melhores jogadores brasileiros em função da crise financeira pela qual passam, os clubes da Série A são obrigados a apostar, dar chances para jovens jogadores. Se por um lado o espetáculo cai de produção, por outro, é possível ver que ainda há uma renovação qualificada, com bons valores surgindo, ou confirmando o que já se falava sobre eles há algum tempo.
Há um ano, poucos ouviam falar sobre Otávio, do Internacional, ou Lucas Silva, do Cruzeiro. Pouquíssimos rubro-negros sabiam quem era Paulinho, então escondido no XV de Piracicaba e fora desta lista de revelações por ter mais de 23 anos (esse foi um dos critérios de escolha, e excluiu, além de Paulinho, jogadores como Ederson, do Atlético Paranaense, artilheiro da Série A com 21 gols, ­­Walter, ótimo goleiro do Corinthians, e Bruno Henrique, excelente meio-campista da Portuguesa). Enfim, todos eles apareceram em 2013, e mostraram que a fonte ainda não se esgotou, e que há muitos talentos escondidos em busca de uma oportunidade a serem descobertos nesse país. Sem mais embromação, confira a lista de 30 revelações do Campeonato Brasileiro preparada pelo blogueiro que vos escreve.
SÉRIE A
Marcelo (Atlético Paranaense)
Marcelo estreou no Atlético Paranaense em 2009, mas demorou a engrenar. Teve alguns problemas disciplinares, chegou a ser emprestado ao Vitória e, quando voltou, parecia ser apenas mais um bom jogador para a Série B, competição na qual foi muito bem em 2012. Mas desmistificou essa impressão nesse ano, mostrando uma combinação rara de habilidade, velocidade e força física. Se tiver um aproveitamento melhor nas finalizações no futuro, poderá alçar voos ainda mais altos.
Léo (Atlético Paranaense)
Lateral regular nos tempos de Vitória, Léo finalmente reencontrou o bom futebol que exibia na base do clube baiano e teve em 2013 o melhor ano de sua curta carreira. Rápido, compôs uma boa dupla com Marcelo pelo lado direito ofensivo do Furacão, e se destacou também defensivamente, se posicionando bem e mantendo uma ótima média de 3,5 desarmes por jogo.
Otávio (Internacional)
Possivelmente o jogador mais talentoso da lista, Otávio se salvou em meio ao fracasso colorado no Campeonato Brasileiro. Baixinho e frágil fisicamente, mostrou muita velocidade e objetividade com a bola nos pés, puxando contragolpes e marcando, ao todo, seis gols na competição, feito que impressiona ainda mais ao percebermos que se trata de um garoto de apenas 18 anos.
Lucas Silva (Cruzeiro)
Discreto e eficiente, Lucas Silva ganhou, sem fazer muito barulho, uma posição de titular no Cruzeiro de Marcelo Oliveira, mostrando muita qualidade nos passes, boa marcação, movimentação em campo e qualidade nos chutes de fora da área, algo que mostrava desde as categorias de base. Fez uma ótima dupla com Nilton e é um nome forte para os Jogos Olímpicos de 2016.
Gustavo Henrique (Santos)
Nascido em 1994, Gustavo Henrique não estava entre os mais badalados campeões da Copa São Paulo no início do ano, mas impressionou logo em seus primeiros jogos no time de cima. Ganhou a posição de Durval, e termina o ano em alta na Vila Belmiro, com perspectivas de se manter como titular. Alto, se destaca no jogo aéreo e pela firmeza nas jogadas por baixo.
Alison (Santos)
Surpreendente. Assim pode ser descrito o desempenho do volante Alison, do Santos, que superou um longo período afastado por uma grave lesão e se tornou titular do time em 2013. Exímio marcador, se destacou no campeonato com uma média superior a cinco desarmes por partida e deu segurança ao meio-campo santista sempre que esteve em campo. Como ponto negativo, ainda abusa das faltas e toma muitos cartões (foram 8 amarelos ao todo). Mais uma aposta bem sucedida do técnico Claudinei Oliveira.
Marlone (Vasco)
Um achado em um ano perdido do Vasco. Assim, Marlone pode ser definido. O meia de 21 anos carregou o time de São Januário nas costas em alguns momentos, como o jogo contra o Coritiba, mas não foi, mesmo com os seus três gols e seis assistências, capaz de livrar o clube do rebaixamento. Pouco valorizado pela diretoria vascaína antes de ganhar a posição de titular, deixará o clube rumo ao Cruzeiro por uma multa rescisória considerada baixa para os padrões brasileiros.
Alex Telles (Grêmio)
Uma das principais carências do futebol brasileiro no momento, a lateral esquerda ganhou, ao que tudo indica, uma boa opção em 2013. Cria da base do Juventude, Alex Telles chegou ao Grêmio nesse ano e tomou conta da posição, a ponto do clube prescindir dos serviços de André Santos, que acabou indo para o Flamengo. Eficiente nos cruzamentos e sempre presente no ataque, Alex ainda precisa manter uma regularidade maior, pois a queda de produção no fim do campeonato assustou os torcedores gremistas.
Ramiro (Grêmio)
Vanderlei Luxemburgo já era fã do futebol do jovem Ramiro, mas o considerava muito baixinho e por isso não o escalava no time titular. Renato Gaúcho não tem esse preconceito e aproveitou um momento no qual vários jogadores estavam machucados para lançar o jovem nascido em 1993. Deu certo, tão certo que Ramiro tomou conta da posição, colocando Elano e Zé Roberto no banco de reservas em alguns momentos do campeonato e se firmando como um jogador extremamente dinâmico e obediente taticamente.
Igor Julião (Fluminense)
Tratado como joia pela diretoria tricolor, Igor Julião entrou no time titular quando Vanderlei Luxemburgo assumiu. Habilidoso, rápido e dono de um bom cruzamento, ele caiu em alguns momentos junto com o time, mas termina o ano como titular e um dos alentos para o torcedor do Fluminense, que certamente precisará se reconstruir para a disputa da Série B em 2014. Além de eficiente dentro de campo, Julião se destaca também pela maturidade que demonstra fora das quatro linhas.
Samir (Flamengo)
Assim como o ex-botafoguense Vitinho, Samir foi formado no Audax-RJ, e mostrou serviço no Campeonato Brasileiro, embora sem o mesmo impacto. Firme na marcação, seguro nas bolas aéreas, o canhoto de 19 anos foi muito bem também na final da Copa do Brasil, contra o Atlético Paranaense, substituindo o contundido Chicão. Versátil, pode segurar as pontas como lateral esquerdo ou volante em alguma eventualidade.
Vinícius Araújo (Cruzeiro)
Em um ataque experiente, no qual tinha Borges e Dagoberto como concorrentes, Vinícius Araújo não fez feio. Ao todo, o jovem de apenas 20 anos marcou sete gols em apenas 16 jogos disputados, e ainda deu duas assistências. Mais do que isso, provou ser uma opção confiável para o técnico Marcelo Oliveira e deverá ser aproveitado na Copa Libertadores em 2014.
Feijão (Bahia)
Outro que se destacou na Copa São Paulo no início do ano (o Bahia chegou às semifinais), Feijão ganhou a posição de titular após a chegada do técnico Cristóvão Borges e surpreendeu. Além da intensidade na marcação e força física, mostrou-se também um jogador carismático, capaz de admitir que é torcedor fanático do próprio Bahia, o que fez com que caísse de vez nas graças da torcida. É especulado no Flamengo para 2014.
Talisca (Bahia)
Meia nascido em 1994 e apontado como grande promessa do Bahia no início do campeonato, Talista oscilou muito, chegou a perder a posição de titular, mas foi fundamental nas vitórias contra Cruzeiro e Portuguesa, que salvaram o tricolor baiano do rebaixamento. Alto, mostrou muito talento com a bola nos pés, mas precisa ser mais constante se quiser progredir na carreira.
Marcelo (Vitória)
Volante com passagens pelas seleções brasileiras de base, Marcelo estava esquecido nos juniores do Vitória até que Ney Franco chegou ao clube e se encantou com o jovem logo no primeiro treino. Daí em diante, o volante de apenas 19 anos não saiu mais do time, mostrando muita personalidade e tranquilidade dentro de campo, além de um ótimo posicionamento.
Lucas Evangelista (São Paulo)
Apontado por vários treinadores e dirigentes de base como um dos melhores /95 do Brasil, Lucas Evangelista estreou nos profissionais do São Paulo no início desse campeonato e teve alguns bons momentos, como o golaço contra a Portuguesa. Oscilou muito, é verdade, mas mostrou talento com sua perna esquerda e ganhou espaço no elenco são-paulino ao longo do tempo. Se seguir evoluindo, poderá assumir a posição de titular em breve.
Lucas Cândido (Atlético Mineiro)
Discreto no vexame da Seleção no Sul-Americano Sub-20 no início do ano, Lucas Cândido se recuperou durante a temporada. Volante canhoto, foi deslocado para a lateral esquerda por necessidade e correspondeu, se firmando como titular por ali. Deverá ser titular do Atlético no Mundial de Clubes, no Marrocos. Alto, forte, rápido e com características de liderança, seu melhor momento no Campeonato Brasileiro foi um golaço na vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo.
Gegê (Botafogo)
Entre todos os meninos lançados por Oswaldo de Oliveira no Botafogo em 2012, Gegê foi aquele que mostrou mais consistência. Canhoto, dá volume de jogo ao meio-campo e aparece bem no ataque para finalizar, como no jogo contra o Flamengo, em que comandou a virada botafoguense por 2 a 1. Na ausência de Vitinho, vendido no meio do campeonato ao CSKA Moscou-RUS, foi quem aproveitou melhor as oportunidades.
Eduardo Sasha (Goiás)
Um dia, Eduardo Sasha foi cotado para ser o substituto de Taison no Internacional, mas as circunstâncias e o apreço da diretoria colorada por medalhões (ou por gastar dinheiro com atacantes medianos) fizeram com que ele fosse emprestado. O Goiás o acolheu e as más atuações no início fizeram com que ele fosse vaiado pela torcida em alguns momentos, mas o loirinho se recuperou e terminou a temporada com gols importantes no currículo (ao todo foram quatro, em 16 jogos).
César (Ponte Preta)
Após fazer um ótimo Campeonato Paulista pelo Atlético Sorocaba, César foi oferecido a vários clubes da Série A, como Vasco e Cruzeiro. Acabou acertando com a Ponte Preta, onde começou instável, mas se firmou do meio para o fim do Brasileirão e ganhou a posição de titular. Cobiçado por vários clubes, deverá sair de Campinas num futuro próximo.
SÉRIE B
Matheus (América-MG)
Eleito o craque do Brasileiro Sub-20 de 2011, Matheus enfim tomou a posição de Neneca na meta americana, e fez a torcida esquecer o antigo ídolo rapidamente. Goleiro nascido em 1992, foi importantíssimo em alguns jogos da campanha do Coelho e está na mira de clubes da Série A. O Santos foi um dos primeiros a mostrar interesse.
Luis Felipe (Palmeiras)
Destaque na Copa São Paulo de 2010, Luis Felipe estava encostado no elenco alviverde até a chegada de Gilson Kleina. Na Série B, o lateral direito nascido em 1991 virou titular rapidamente em 2013 e foi o pivô de uma confusão, pois a diretoria não renovou seu contrato em tempo hábil e ele aceitou uma proposta do Benfica, onde jogará em 2014.
Régis (América-RN)
Formado nas categorias de base do São Paulo, o /92 Régis é um típico caso de jogador que demorou a amadurecer fisicamente, mas mostrou suas credenciais logo ao ser emprestado. Canhoto enjoado, daqueles que parte para o drible o tempo todo e finaliza bem, marcou impressionantes cinco gols em dez jogos e ajudou o time potiguar a se salvar do rebaixamento. Em 2014, deve disputar a Série A, possivelmente pelo Atlético Mineiro, que já demonstrou interesse.
Augusto (Chapecoense)
Enquanto o Internacional sofreu na Série A com a ausência de um segundo volante de qualidade, Augusto, que pertence ao clube colorado, fez uma ótima Segundona com a Chapecoense. Alto, forte e dono de um ótimo passe, marca bem e chega com força na área adversária. Deverá ser aproveitado no Inter em 2013, ou utilizado como boa moeda de troca.
Potiguar (Ceará)
Zagueiro alto e rápido, ganhou a posição de titular no Ceará, e apesar de ser meio estabanado e ter falhado em alguns momentos, mostrou qualidades. Pela idade, é possível acreditar que irá evoluir tecnicamente e pode, no futuro, defender uma equipe da Série A. Ainda precisa, no entanto, de mais consistência, e evitar alguns lances violentos desnecessários que protagoniza em alguns jogos.
Fábio Lima (Atlético-GO)
Fábio Lima começou o ano nos juniores do São Paulo, passou pelo Vasco, onde chegou a atuar pelos profissionais, e voltou, por um problema contratual, ao Atlético Goianiense, para salvar os goianos do rebaixamento no fim da Série B. Em dez jogos, foram impressionantes cinco gols, sendo três deles na vitória por 4 a 2 sobre o Oeste fora de casa, e duas assistências. Meia canhoto, se destaca pelas boas finalizações de fora da área e ótima visão de jogo.
Andrei (América-MG)
Assim como Matheus, Andrei fez uma ótima Série B. Firme na marcação, dono de bom passe, o volante /92 se destaca também pelos ótimos chutes de fora da área e pela eficiência no jogo aéreo. Especulado em clubes paulistas, é outro que dificilmente ficará no Coelho em 2014.
SÉRIE C
Jonas (Sampaio Corrêa)
Um camisa 5 que poderia tranquilamente ser titular em qualquer clube da Série A. Assim, torcedores, técnicos e comentaristas maranhenses definem Jonas, volante do Sampaio Corrêa. Aos 22 anos, o jogador revelado no Comercial-PI mostra dentro de campo muita segurança na saída de bola e uma velocidade na recuperação acima da média. Renovou contrato recentemente com o time maranhense, mas se mantiver o nível de atuações do último ano, é pouco provável que fique para a Série B.
Tony (Vila Nova-GO)
Aos 21 anos, Tony conseguiu o que parecia impossível: convencer a diretoria do Vila Nova de que a contratação de um goleiro experiente é desnecessária. Pelo menos enquanto ele estiver por lá. Seguro debaixo das traves e muito ágil, se destacou em vários jogos da Série C, sendo fundamental na campanha do acesso.
SÉRIE D
Lucas (Londrina/Sampaio Corrêa)

Rápido, habilidoso e goleador. Com essas características, o /90 Lucas se mostrou um atacante perigosíssimo no Londrina durante toda a Série D e, após a eliminação do clube paranaense, mudou-se para o Sampaio Corrêa e ajudou o time maranhense a ser vice-campeão da Série C. Deverá ser negociado com o futebol coreano nos próximos dias. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Barração na Espanha, timidez e números de craque: Conheça Roberto Firmino, o melhor brasileiro da Bundesliga

Assim como Diego Costa, Roberto Firmino não é um nome muito conhecido no Brasil, o que não quer dizer que não seja bom de bola. Camisa 10 do Hoffenheim-ALE, o alagoano de 22 anos é o melhor jogador brasileiro da Bundesliga até o momento, e superou, assim como vários jogadores de sucesso, vários obstáculos, entre eles o fato de ter sido impedido de entrar na Espanha.
O episódio aconteceu em 2009. Na época, Firmino era destaque dos juniores do Figueirense e foi convidado pelo Olympique de Marseille para fazer testes. O clube francês mandou uma carta confirmando a intenção, e a passagem, com escala em Madri, o que se revelaria um complicador. Na ocasião, a Espanha mantinha uma política de restrição de entradas no país, impedindo a entrada de vários brasileiros. O meia, mesmo com a carta e explicando tudo, foi um deles.
"Tivemos que ligar para a polícia, explicar tudo, mas não teve jeito. Ele acabou voltando para o Brasil e retornou à França depois, indo para Paris", revela Erasmo Damiani, hoje coordenador da base do Palmeiras, um dos responsáveis pela chegada do jogador ao Figueirense junto ao CRB-AL, em 2008. Sobre as características de Firmino, ele é só elogios. "É um camisa 10 moderno, que recompõe muito bem em campo, tem um ótimo drible e se adapta a vários esquemas táticos, pois já treinávamos assim na base do Figueirense. Acho que isso o ajudou muito na adaptação à Europa".
Outro admirador do futebol de Firmino é Klauss Lopes Câmara, que trabalhou por muito tempo com Damiani no Figueirense e também viu a chegada do meia em Florianópolis. "É um menino introvertido, de falar pouco, mas não dá trabalho nenhum fora de campo e lê o jogo como ninguém", diz Klauss, que posteriormente repetiu a dupla com Damiani no Atlético Paranaense e passou pelo Cruzeiro antes de ir para o Fluminense, onde trabalha atualmente. Juntos, os dois foram campeões da Copa São Paulo pelo clube catarinense em 2008 e vices pelo Furacão, em 2009.
A aventura no Olympique não deu certo, mas logo Roberto Firmino se firmou nos profissionais do Figueirense, ganhou a posição no time titular e foi importantíssimo na campanha do acesso da Série B de 2010. Rapidamente foi vendido ao Hoffenheim, se adaptou ao futebol europeu e hoje é o destaque absoluto do time, com sete gols marcados e quatro assistências em dez jogos disputados. Números parecidos, por exemplo, com os de Marco Reus, estrela do Borussia Dortmund e da seleção alemã, que soma seis gols e cinco assistências.
O sucesso não passou despercebido. Na última janela de transferências, o Hoffenheim recebeu uma proposta de € 13 milhões para vendê-lo e recusou. Quer pelo menos o dobro, e acha que pode conseguir. Sobre Seleção Brasileira, o jogador afirma em seu site (com versões em português e alemão e no qual, entre outras coisas, ele declara que era corintiano na infância) que se trata de um sonho. Convocado por Ney Franco para a Seleção Sub-20 em 2011, poderia ter atuado no Mundial da categoria, mas foi cortado por lesão e não foi lembrado novamente para os Jogos Olímpicos. Há quem aposte, no entanto, que se fosse convocado para a Seleção principal, não sairia mais do grupo, mas não parece uma conjuntura possível para o momento, e sim para 2018.

Enquanto isso não acontece, porém, o meia segue seu caminho na Bundesliga. E é importante que o técnico da Seleção Brasileira, seja ele quem for após a Copa de 2014, fique de olho, assim como Felipão fez com Luiz Gustavo, apostando num "desconhecido" que se tornou um homem de confiança na Copa das Confederações. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Zezinho, Alex Telles e as voltas que o mundo do futebol dá

A roleta do futebol é um moto-contínuo de apostas feitas pelos profissionais da bola, algumas delas certas, muitas outras erradas. Nem todas bem sucedidas por mérito do apostador ou muito menos desventuradas por falta de competência dos técnicos, diretores e observadores dos times, que têm a missão de garimpar, encontrar e lapidar as pedras preciosas que julgam ter em mãos. Existem jogadores nos quais todo mundo acredita e que não explodem, assim como aqueles que contrariam todas as previsões negativas e se tornam estrelas, sentando na janelinha do ônibus que dá voltas pelo mundo futebolístico.
Zezinho (foto), hoje meia do Atlético Paranaense e nascido em 1992, é um exemplo clássico do primeiro caso. Formado como lateral esquerdo, logo encantou a todos com uma habilidade acima da média. Canhoto, dono de um chute forte, partia para cima dos zagueiros e já com 16 anos foi promovido para os profissionais do Juventude. Virou meia, foi cortejado pelo Arsenal e ganhou um contrato acima da realidade do clube, com multa rescisória de R$ 40 milhões. Com o dinheiro, comprou um BMW velho, no qual o irmão dele o levava para o treino todos os dias.
Alex Telles, que se enquadra no segundo caso, vivia uma realidade completamente diferente. Também nascido em 1992, era reserva de Zezinho na lateral esquerda. Pouco desenvolvido fisicamente, tinha um bom cruzamento, mas estava longe de se destacar como o rival pela posição. Em reuniões internas, a dispensa dele foi cogitada em diversas oportunidades e só não aconteceu de fato porque ele é nascido em Caxias do Sul e a permanência dele não significava um grande custo para o clube. Ia de ônibus para o treino.
Zezinho, que é nascido em Uruguaiana, saiu do Juventude vendido, em 2010. Foi para o Santos, onde não conseguiu se firmar. Ao invés do Arsenal, destino provável em caso de um bom rendimento ao lado de Neymar (muitos gaúchos diziam em 2009 que Zezinho era melhor do que Neymar), o destino, por empréstimo, foi o Bahia, onde também não acertou. As noitadas, a bebida, a vida intensa fora de campo fizeram com que ele perdesse oportunidades, e a volta ao Atlético Paranaense na Série B foi a melhor opção. Hoje volante, tem algum destaque, mas está longe de cumprir as expectativas que criou aos 17 anos.
Alex Telles, ao contrário, ficou em Caxias do Sul até o ano passado. Já havia crescido, foi uma das revelações do clube em 2011, e a Série D parecia pequena demais para o seu futebol. Disciplinado, é descrito pelos técnicos como um jogador com "mentalidade europeia" e "muito inteligente". Tomou conta da lateral esquerda do Grêmio, a ponto de barrar o badalado André Santos e ser apontado como uma das principais revelações do Campeonato Brasileiro.

Nesta quarta-feira, os dois se enfrentam no jogo de volta da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Paranaense. E o mundo do futebol pode dar mais uma volta, deixando Alex Telles no meio do caminho e levando Zezinho para a final do torneio, inédita para a história do Furacão. Ainda assim, hoje é difícil acreditar que o destino dos dois seja muito diferente do que já foi traçado até agora, por mais que o futebol tenha o costume de surpreender e pregar peças nas certezas que construímos com o tempo. 

domingo, 3 de novembro de 2013

Após "perder" Bernard, Borussia Dortmund sonda Otávio, do Internacional

Depois de sondar Bernard no meio do ano e se assustar com a alta pedida do presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, o Borussia Dortmund agora se interessa em contratar outro jogador brasileiro. O alvo da vez é Otávio, meia-atacante do Internacional e uma das principais revelações do Campeonato Brasileiro de 2013.  A especulação já circula internamente no clube colorado.
Aos 18 anos, Otávio é nascido em João Pessoa, mas antes de ir para o Inter, atuava no futebol de salão do Santa Cruz-PE. Pequenino, foi recusado em vários clubes por causa do tamanho e chegou a ser testado na lateral direita antes de se firmar como segundo atacante. Assim, como o jogador mais adiantado da linha de 3 do 4-2-3-1, ele já marcou cinco gols em 19 jogos pelo Campeonato Brasileiro, o mais bonito deles num chute de fora da área no ângulo, contra o Náutico.
Em tese, Otávio se encaixaria bem no time alemão. É rápido, como gosta o técnico Jürgen Klopp, intenso e já com boa bagagem nos profissionais, seria, mais do que uma aposta para o futuro, uma boa reposição para nomes como Marco Reus e Jakub Blaszczykowski, encorpando o elenco e fazendo com que Klopp possa descansar alguns de seus principais jogadores com mais tranquilidade.

Ao Inter, se a venda se confirmar (e por enquanto é importante deixar claro que, até onde se sabe, é apenas uma conversa, não há nada definido), fica clara mais uma vez a opção do clube: vende os garotos revelados na base, gasta aos tubos com veteranos que vêm de fora e nem sempre dão o retorno necessário, e segue segurando bravamente um lugar nas posições intermediárias do Campeonato Brasileiro. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Caso Diego Costa: precedente perigoso foi aberto com alemão-americano em 2010

A decisão de Diego Costa em atuar pela Espanha pode influir decisivamente em diversos aspectos do futebol entre Seleções. Muito se falou que o atacante tem o direito de decidir jogar por onde quiser, o que parece sensato. Também foi dito que a Fifa irá andar 50 anos para trás no tempo se permitir isso e abrir um precedente perigoso, mas na verdade ele já foi aberto. Atende pela alcunha de Jermaine Jones, e joga pelo Schalke 04, da Alemanha, como bem lembrado pelo twitteiro @MarcoGiorgette. 
Jones, 31 anos, nasceu em Frankfurt, mas é filho de um soldado americano e viveu nos Estados Unidos na infância. Retornou para a Alemanha, fez sua base futebolística por lá, atuou pela seleção alemã sub-21 em 2001 e chegou à seleção principal em 2008, disputando três amistosos sob o comando de Joachin Löw. Quando percebeu que não estava nos planos do técnico alemão, lembrou que era americano também e correu atrás das possibilidades de jogar pelos Estados Unidos.
Volante com boa capacidade física e relativa técnica, Jones rapidamente ganhou espaço na seleção americana e hoje soma 36 jogos e dois gols pelo U.S Team. Não disputou a Copa do Mundo de 2010 por causa de uma lesão, mas foi vice-campeão da Copa Ouro em 2011.
Outro caso que pode servir de base é o de Thiago Motta, que jogou a Copa ouro de 2003 pelo Brasil, que na época mandou um time sub-23 para a competição, e depois foi convocado pela seleção italiana principal. Na época, as partidas pelo Brasil foram consideradas amistosas pela comissão julgadora, e o volante jogou a Eurocopa de 2012.
A benevolência da Fifa com a questão parece não ser tão grande com os argentinos que querem atuar pelo México. Cristian Giménez, que jogou contra o Panamá pelas Eliminatórias da Copa, atuou pela seleção argentina sub-17, mesmo motivo alegado pela entidade para negar a Rubens Sambueza (aquele mesmo, ex-Flamengo) o direito de jogar pela seleção mexicana.

Ao que tudo indica, o que determina quem pode ou não mudar de país é a boa vontade de quem julga e a posição política das confederações que pedem as mudanças. Com regulamentações cada vez mais frouxas, é provável que esses casos aumentem cada vez mais e aos poucos modifiquem ou eliminem o sentido dos campeonatos entre seleções. 

sábado, 26 de outubro de 2013

Monta, remonta e sobe: Sampaio chega à Série B com apostas certeiras e ajuda do imponderável

Um grande time se faz com ídolos. Mentira. Um grande time se faz com grandes jogadores, dinheiro, torcida apaixonada, inflamada, tradição construída ao longo de décadas e títulos. Verdade. Talvez. No futebol a verdade de hoje é a mentira de amanhã. Não é ciência, não há receita pronta para o sucesso, não há adjetivos na língua portuguesa que descrevam a lama emocional na qual um torcedor mergulha após uma derrota de seu time, ou o êxtase, a catarse de uma vitória. Ironicamente, esse lado inexplicável do futebol ajuda, e muito, a explicar a subida do Sampaio Corrêa para a Série B.
O time em si é bom e tem ídolos. Rodrigo Ramos, titular da meta boliviana desde 2008, Eloir (foto), volante que pode atuar como meia e inexplicavelmente jamais teve uma chance em um time de Série A. Tem torcida, um bom aporte financeiro, mas o planejamento, essa palavrinha que os profetas adoram usar para explicar tudo o que dá certo, foi pras cucuias quando Pimentinha, o craque do time na Série C, foi vendido. Preferiu ser Anderson Pimenta no quase rebaixado São Caetano, onde jogou quatro jogos, não fez nenhum gol e foi substituído em três. Além dele, Tiago Cavalcanti, vice-artilheiro da Série C com 10 gols, se mandou para o Bragantino.
Sem dupla de ataque, o jeito foi contratar uma reposição. Vieram Lucas e Leandro Kivel, e poderiam não dar certo, mas deram. O time cambaleou, sapateou, flertou, namorou, noivou e quase casou com a eliminação na primeira fase. Um gol do zagueiro-artilheiro Paulo Sérgio aos 47 minutos do segundo tempo contra o Fortaleza evitou o casório, (os cearenses, ao que tudo indica, não gostaram muito. Basta ver as cadeiras quebradas do Castelão de Fortaleza). Estava tirada a sorte grande: uma vaga no Grupo A da Série C, o mais maluco de todos os tempos de toda a história do futebol, era um bilhete premiado.
Faltava o mata-mata, o Macaé. Dois jogos separavam o céu da resignação em não aproveitar o bilhete premiado. No primeiro, um 5 a 3 que chegou a ser 5 a 1, em um Castelão superlotado. 47 mil pessoas num estádio que atualmente abriga 40 mil de maneira civilizada. O Botafogo, por exemplo, não deve ter colocado sozinho um público assim esse ano. E olha que o Botafogo está bem, bonito, lutando pela Libertadores, cheio de graça e com um craque-bilheteria, Seedorf, no meio-campo. Voltemos ao Sampaio, pois.
Em Macaé, a pressão foi pesada. Os donos da casa fizeram 1 a 0, mas Eloir, em um chute forte da entrada da área, cravou o lugar boliviano no subsolo do céu. É subsolo, alguns poderiam dizer. Mas também é céu. Questão de copo meio cheio ou meio vazio, mas para um time que em 2005 teve até as traves roubadas do próprio CT, é um grande avanço. E o herói tinha que ser Eloir, o melhor jogador do time desde sempre, o gaúcho que colocou Uruguaiana no mapa de São Luís e que agora já pode se equiparar, com esse gol decisivo, a Marcelo Baron, craque da Série C de 1997.

Em suma, o Sampaio está de volta ao seu lugar, com a força do elenco, da tradição, da torcida apaixonada e do imponderável, esse anjo da guarda que protege bêbados, crianças e times de futebol que merecem vencer. E pode querer mais, desde que se planeje para isso. Porque se brincar de montar e desmontar time igual lego durante o torneio, vai levar chumbo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Convocado por Felipão, Marquinhos poderá ser primeiro zagueiro sub-20 a disputar a Copa pelo Brasil

Abençoada pela natureza com muito talento e bem trabalhada nos clubes, a geração nascida em 1992 que disputou os Sul-Americanos Sub-17 e Sub-20 chegou rapidamente à Seleção principal. Noves fora Neymar, que é exceção em tudo, Casemiro, Lucas, Wellington Nem, Fernando e Philippe Coutinho já foram convocados, isso sem falar em Bernard e no /91 Oscar. Entre os /93 e /94, porém, a coisa é um pouco diferente. A prova disso é a convocação de Marquinhos, primeiro sub-20 chamado por Felipão em uma convocação na qual podem ser chamados jogadores europeus. Mais do que isso, é o único jogador sub-20 do Brasil com chances de ir à Copa do Mundo.
Antes de Marquinhos, outros quatro jogadores foram chamados pelo técnico brasileiro: Leandro, do Palmeiras, Dória, do Botafogo, Douglas Santos, então no Náutico e hoje no Granada-ESP, e Matheus Vidotto, do Corinthians. O zagueiro do Paris Saint-Germain, porém, é o único com chances reais de ir para a Copa do Mundo. O expoente de uma geração que perde em talento para anterior e ficará marcada pelo vexame no Sul-Americano Sub-20, do qual ele não participou (sua ida foi vetada pela Roma). Mas nem sempre foi assim.
Durante todo o período em que esteve na base do Corinthians, Mocote (apelido colocado pela família) foi reconhecido como um bom jogador, rápido, concentrado e excelente no mano a mano. Mas a altura (demorou a crescer, hoje tem 1,83m, estatura mediana para um zagueiro) fez com que sempre duvidassem da capacidade dele. Tanto que ficou de fora do Sul-Americano Sub-15, quando a dupla de zaga do Brasil foi formada por Josué, do Vitória, e Glênio, do Internacional.
Para o Sul-Americano Sub-17, Marquinhos foi relacionado nos últimos instantes. Teve excelentes atuações na Future Champions Cup em dezembro de 2010 e chamou a atenção do técnico Emerson Ávila, que acabava de assumir o cargo. Logo virou titular, ganhou a braçadeira de capitão do time e foi um dos melhores zagueiros da competição, assim como no Mundial.
A evolução continuou em 2012, com o título da Copa São Paulo pelo Corinthians. Antônio Carlos, seu companheiro de zaga, fez os dois gols da vitória por 2 a 1 contra o Fluminense, mas quem viu o jogo atentamente sabia quem sobrava na turma. Marquinhos fez um segundo tempo impecável na defesa e ali selou sua passagem para os profissionais.
Estava ali um grande zagueiro, não em tamanho, mas em potencial. E o Corinthians reparou mais no tamanho. Tite tentou colocá-lo como volante em alguns jogos, o que obviamente não deu certo. A zaga é o pedaço de chão dele, e ele precisou sair para a Roma (por uma pechincha, diga-se) para provar isso. Vendido ao PSG, continua a escrever sua história no futebol e deu hoje mais um passo para escrevê-la sob holofotes cada vez maiores.
Caso vá para a Copa do Mundo, Marquinhos será o primeiro zagueiro brasileiro a disputar o torneio com menos de 20 anos, e o 12º jogador na história do país a conseguir tal feito. Os outros 11 foram Carvalho Leite, Humberto Tozzi, Pelé, Mazzola, Coutinho, Edu, Tostão, Rivelino, Marco Antônio, Müller e Ronaldo. Apenas atacantes ou meias, com exceção do lateral esquerdo Marco Antônio.

Com salário de R$ 2 mil por mês, Thalles supera problemas disciplinares e ofusca concorrência no ataque do Vasco


Vasco e Goiás se enfrentaram pelas quartas de final da Copa do Brasil, e mais do que a digna vitória vascaína ou a classificação do time goiano, a principal novidade do futebol brasileiro foi o centroavante Thalles. Reputado por alguns como o melhor camisa 9 que surgiu na colina desde Valdir Bigode, no início dos anos 90, ele fez os dois primeiros gols do jogo, sendo o segundo deles um golaço de fora da área. Mas o prestígio dele na base vascaína nem sempre foi tão grande assim.
Após chegar ao clube em 2008, vindo do Profute, Thalles virou logo titular, mas estava longe de ser uma das estrelas da categoria. Entre os nascidos em 1995, quem sempre se destacou foi Daniel, atacante amazonense que chamava a atenção de outros clubes e olheiros e assinou em 2011, um contrato profissional ganhando um salário maior. Era a "estrela" entre os meninos nascidos em 1995. Thalles, que é nascido na cidade de São Gonçalo, jogava como meia-atacante, mas oscilava muito. Era um pouco indisciplinado, faltava a treinos, mas a situação mudou após uma conversa com o então técnico dos juvenis, Tornado, em 2012.
Depois dessa conversa, ele passou a treinar com mais frequência e seriedade, e o desempenho dentro de campo mudou. Boas atuações já no ano passado, e logo no início do ano fizeram com que o técnico Sorato o efetivasse como titular nos juniores já em seu primeiro ano na categoria. A aposta deu certo, ele foi o artilheiro do time no Campeonato Carioca da categoria com oito gols marcados, e teve participação fundamental no título do Vasco na Taça BH de Juniores. Em seu melhor jogo, fez o gol da vitória por 3 a 2 sobre o América-MG nas quartas de final.
Após a Taça BH, Thalles foi puxado para os profissionais, e a estreia como titular, apesar de antecipada pelo mau momento do time, foi bem sucedida. Com um contrato de apenas R$ 2 mil mensais, Thalles ainda vai de carona com os pais para os treinos de São Januário, mas já tem gols como profissional pelo currículo. E Daniel, que ofuscava o camisa 39 vascaíno até os juvenis, anda de carro sozinho, mas hoje é tido como um jogador problemático e luta para conseguir uma vaga entre os titulares dos juniores. Está atrás de Thalles no momento, assim como Tenorio, Leonardo e quase todos os outros centroavantes do time principal. A exceção é André, que apesar dos 11 gols no Campeonato Brasileiro, vive às turras com a torcida, mas ainda é, teoricamente, o titular.

Ao Vasco, resta agilizar para renovar o contrato não só de Thalles, que vence em março de 2015. Mas também o de Marlone e o de Jomar, também com salários baixos, sob pena de sofrer com o assédio a esses atletas em um futuro muito próximo. Mais precisamente após o fim do Campeonato Brasileiro, e muito possivelmente com o time na Série B. 

domingo, 20 de outubro de 2013

Inter investe pesado na base, mas quem aproveita são os outros clubes

Aclamado por muitos anos como o time com a melhor base do país, o Internacional segue revelando grandes jogadores, como Otávio, Valdívia, Alex Santana e outros que seguem subindo para os profissionais todos os anos. Mas, infelizmente para os gaúchos, todo esse trabalho agora é muito mais visto em outros clubes brasileiros do que no próprio Internacional.
O nome que mais simboliza isso é o de Walter, do Goiás (na foto, ainda no Inter, alguns anos e alguns quilos atrás). Formado nas categorias de base do clube, o centroavante barrigudinho é a sensação do campeonato com 11 gols e seis assistências, e pode levar o time esmeraldino para a Copa Libertadores. Os goianos estão na quinta colocação com 46 pontos e já conseguem avistar de longe os calcanhares de Botafogo, Grêmio e Atlético Paranaense. No Goiás também está Eduardo Sasha, que um dia foi apontado como o substituto de Taison, mas que jamais teve uma chance real, ao contrário de Walter, que foi até bem vendido para o Porto.
Outro que também passou pela base colorada e não foi muito aproveitado no time de cima é Ricardo Goulart. Atualmente titular do Cruzeiro, líder do Brasileirão, ele foi formado no Santo André, mas teve uma passagem pelo Inter B durante muito tempo e alguns técnicos chegaram a utilizá-lo no time de cima. Mas jamais teve uma sequência, e a chegada do medalhão Forlán acabou com qualquer possibilidade de espaço para ele.

Além deles, podem ser citados os casos de Rafael Sóbis, do Fluminense e Pato, do Corinthians, ambos muito bem vendidos, mas só o primeiro (bicampeão da Libertadores) com sequência grande de jogos no time principal. Samuel, hoje na reserva do Fluminense e importante em vários momentos do título brasileiro de 2012, sequer chegou a estrear nos profissionais. Todos são frutos de um trabalho específico com o ex-jogador de futsal Ortiz que já rendeu ótimos resultados ao clube, que por ironia do destino - ou escolha da diretoria - investe pesado em nomes não revelados por lá, como o supracitado Forlán, Caio Canedo e Rafael Moura.

sábado, 19 de outubro de 2013

As grandes lorotas do futebol brasileiro

Um ditado bastante popular dentro do futebol é o de que a verdade de hoje é a mentira de amanhã. Algumas lorotas, no entanto, já são bastante conhecidas no meio, mas há sempre um coração trouxa bem intencionado para comprá-las. Afinal, só existe lorota porque há uma grande demanda mundial por elas, há quem necessite de ilusão para viver e seja feliz com isso. Sem mais filosofias, vamos a algumas das grandes lorotas do futebol brasileiro no momento.
"Antigamente se tinha mais amor à camisa"
No tempo em que se morria de tifo e se andava de carro de boi, jogadores já gostavam de dinheiro. E seguem gostando, não há nada de errado nisso. O que há nesse caso é um saudosismo piegas, uma tentativa de se glamourizar um passado e enganar os mais desavisados.
"Aqui não entra mais jogador de empresário"
Essa parou um pouco de ser contada, mas volta e meia é lembrada por alguém. Amigo, hoje 99,9% dos jogadores conversam com o mundo por intermédio de seus empresários. E quem não quiser negociar com eles só tem um remédio: não se envolver com o esporte, sentar na poltrona de casa e comprar um cachorro.
"O Brasil precisa resgatar sua identidade, sua essência futebolística"
Essa é outra bem contada e encampada por muita gente, sobretudo quando a Seleção não está bem. E tenha a certeza de que 90% das pessoas que usam essa frase, quando perguntadas sobre o que é a identidade futebolística brasileira, utilizarão termos como "drible", "irreverência" e "futebol-moleque".
Vencemos por causa do planejamento
Essa é uma meia-verdade, porque o imponderável faz parte do futebol. "Ah, mas nos pontos corridos, a coisa é diferente, o Cruzeiro se planejou e colhe os frutos". Com todo o respeito, ninguém se planeja para ser campeão com quatro, cinco rodadas de antecedência, contratando os jogadores que o Cruzeiro contratou.
Compactação

Um conceito moderno e importantíssimo do futebol que está sendo usado como termo genérico para tudo e se tornou a palavra da moda. É sempre bom desconfiar quando alguém bate muito nessa tecla e analisar com o olho para verificar a coerência entre discurso e prática.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Hernane e outros 10 Brasileiros que cairiam bem na Premier League

Um dos ditados mais sábios do futebol mundial é aquele que diz que um pereba na Premier League vale mais do que um bom jogador em vários lugares do mundo. Faz sentido, afinal, desde que os Beatles surgiram, foi convencionado informalmente que tudo na Inglaterra é cool, é bacana, é descolado. Mas isso, enfim, não tem a menor importância. O fato é que o amigo Márvio dos Anjos (o @marvio) disse em sua conta no Twitter, que Hernane, o Brocador, é jogador para o futebol inglês. E cá entre nós, em um universo no qual Chamakh, Jerome e outros broncos têm chance, o Brocador também poderia ser testado.
Além de concordar,recomendarei outros 10 nomes de respeito do futebol daqui para integrar equipes no mais sensacional campeonato do universo, além, é claro, de Wellington Paulista, injustiçado pelo destino no West Ham. Eis os nomes:
Carlos Alberto (Sem clube)
A Premier League está carente de "malucos" desde as aposentadorias de Gascoigne e Cantona. E Joey Barton precisa de um desafiante à altura. Carlos Alberto está sem clube, e poderia retomar a carreira por cima. Bom negócio para os dois lados.
Henrique (Botafogo)
Cairia bem no Chelsea para atuar novamente ao lado de Oscar, com quem atuou no São Paulo (os tricolores em geral não gostam dos dois, por motivos diferentes). Afinal, os Blues já contam com Fernando Torres, um centroavante  que não faz gols, e ele iria manter o padrão de qualidade.
Maikon Leite (Náutico)
Run, Maikon, Run. Os ingleses adoram jogadores que correm muito, e nesse aspecto, Maikon Leite é o que há de melhor no Brasil. Tem cacife até para rivalizar com o papa-léguas Walcott.
Willians (Internacional)
É um nome de fácil pronúncia para os ingleses e um marcador daqueles que cairia muito bem em um time tradicional e irrelevante, tipo o Crystal Palace (Palácio de Cristal em português).
Egídio (Cruzeiro)
O melhor lateral esquerdo do Campeonato Brasileiro é um exímio cruzador. Consagraria ainda mais grandalhões como Peter Crouch em um Stoke City da vida. Ou como futuro substituto de Baines em um time de azul.
Jomar (Vasco)
Jomar é parecido com Odvan, que por sua vez é parecido com Sol Campbell, ídolo do Arsenal e ex-ídolo do Tottenham. Desconfio que seja superior aos dois.
Rafael Marques (Botafogo)
Na Inglaterra, Gudjohnsen já foi visto como promessa e Agbonlahor já foi chamado de craque. Só isso já justificaria uma oportunidade ao agora ídolo da massa botafoguense.
Marquinhos (Vitória)
Rápido, habilidoso e finalmente decisivo, Marquinhos finalmente evolui rumo ao estrelato que sua carreira prometeu um dia. A ponto de baianos fãs da EPL chancelarem sua qualidade. "É quase um Welbeck".
Corrêa (Portuguesa)
Corrêa é o típico volante que os ingleses adoram. Bate na bola como poucos, quase não erra passes, e por já ser veterano, não iria por um grande custo. Uma espécie de Lampard Genérico.
Feijão (Bahia)

Volante revelado na base do Bahia. Seria engraçado vê-lo atuando ao lado de algum inglês com sobrenome Rice, só pelos trocadilhos de "feijão com arroz" que poderiam surgir.

Guia: Quem é quem na Seleção Brasileira que disputará o Mundial Sub-17

Nesta quarta-feira, começa o Mundial Sub-17, e como vocês sabem, escrevi sobre divisões de base no finado (e em processo de ressurreição) Olheiros.net. A Seleção Brasileira, que se classificou com a terceira colocação no Sul-Americano Sub-17 (embora de maneira invicta), está no Grupo A do torneio, ao lado de Honduras, Eslováquia, e Emirados Árabes Unidos, os donos da casa, e estreia amanhã contra os eslovacos. Nas linhas abaixo, segue um raio-x completo do elenco brasileiro:
GOLEIROS
Marcos Felipe (Fluminense)
Um dos mais experientes do elenco, Marcos Felipe chegou a ser inscrito na Copa Libertadores e a ficar no banco de alguns jogos do time principal do Fluminense em 2013. Alto, esguio e com porte de goleiro, impressiona pela elasticidade e pelos reflexos apurados para a idade, além de ser um especialista em defender pênaltis. Deverá ser o titular.
Thiago (Flamengo)
Talvez o melhor goleiro que a base rubro-negra já produziu desde Júlio César. Ágil e muito bom tecnicamente, é muito amigo de Marcos e os dois sempre disputaram posição na Seleção. É um ótimo reserva e nessa posição não há muito com o que se preocupar, embora falhas sejam normais na idade. Há, no entanto, uma pequena preocupação com sua estatura para o futuro.
Gabriel (Coritiba)
Goleiro com características semelhantes às de Thiago, Gabriel teve um bom desempenho na Copa do Brasil Sub-17, mostrando velocidade e elasticidade. Mas não deverá ter oportunidades no Mundial.
LATERAIS DIREITOS
Auro (São Paulo)
Meia de orígem, virou lateral por excesso de concorrência no clube, mas suas atuações recentes pela Seleção não chegam a empolgar. Jogador leve, rápido e esforçado e titular inicialmente em uma posição carente na sua geração.
Jeferson (Ponte Preta)
Um pouco mais forte fisicamente do que o concorrente, Jeferson marca melhor, mas também está longe de ser brilhante. Deverá travar uma disputa boa pela posição com Auro.
LATERAIS ESQUERDOS
Abner (Coritiba)
Um dos destaques do Sul-Americano Sub-17, Abner viu sua vida mudar rapidamente. O lateral revelado no PSTC-PR chegou a atuar nos profissionais do Coritiba e em alguns jogos do sub-17 foi deslocado para o meio-campo. Rápido e maturado fisicamente para a idade, poderá ser uma das principais armas brasileiras na competição.
ZAGUEIROS
Lucão (São Paulo)
Capitão do time, Lucão já faz parte do elenco principal do São Paulo e mostra muita segurança na defesa. Também foi titular no Sul-Americano Sub-15, assim como Marcos, e se destaca, além da liderança, pela eficiência nas disputas físicas e no jogo aéreo, além de ser muito seguro nas rebatidas.
Eduardo (Internacional)
Mostrou instabilidade no Sul-Americano e nos amistosos antes do Mundial, mas é forte fisicamente e tem muita velocidade, talvez a melhor recuperação entre todos os zagueiros. É uma aposta do Internacional, que revelou menos zagueiros do que atacantes nos últimos anos.
Léo Pereira (Atlético Paranaense)
Canhoto, pode jogar também como lateral esquerdo e é mais técnico do que Eduardo. Já teve passagens pelo time principal do Furacão, e poderá ser uma opção para a reserva de Abner quando o time precisar se defender.
Léo Mendes (Internacional)
Zagueiro firme, de força, é seguro, mas não muito alto para a posição (apenas 1,83m) e nem tão veloz. Deverá compor o elenco durante o torneio.
VOLANTES
Gustavo (São Paulo)
Excelente na marcação e no passe, Gustavo é hoje o melhor primeiro volante do Brasil. Chamado carinhosamente de "Pira" pelos companheiros de clube (por ser de Piracicaba, interior de São Paulo), não aparece tanto em campo, mas é fundamental para a fluidez de jogo do time. Tem tudo para crescer ainda mais nos próximos anos.
Danilo (Vasco)
Alto e magro, Danilo foi titular no Sul-Americano Sub-15 como meia de criação. Recuou para atuar como volante e fez alguns bons jogos, mostrando habilidade com a bola no pé. Taticamente, porém, ainda precisa evoluir, mas as passagens pela Seleção Sub-20 e a venda precoce para o exterior (deverá ir para o Braga-POR em 2014) indicam que se trata de um grande jogador.
Thiago Maia (Santos)
Jogador de bom porte físico, é o mais marcador dos volantes brasileiros. O roraimense é um dos dois jogadores nascidos em 1997 do elenco (o outro é o goleiro Gabriel, do Coritiba)
MEIAS
Caio Rangel (Flamengo)
Quando ainda era sub-15, chegou a ser comparado com o capetinha Edílson. Joga pelos lados do campo, é muito driblador e capaz de decidir jogos complicados, mas ainda peca pelo excesso de individualismo em alguns momentos. É apelidado de Ratchu pelos companheiros, e se destaca também pela força física.
Nathan (Atlético Paranaense)
Meia que chega muito bem à área do adversário, atua centralizado, descrito como "um jogador de futsal". Dribles curtos, boa capacidade física e facilidade para fazer gols. Por não ter atuado no Sul-Americano, ainda desperta algumas dúvidas se deve realmente ser o dono da camisa 10 do time, mas quem o acompanha de perto afirma que tem potencial de sobra para exercer a função. Nascido em Blumenau-SC, começou a jogar futsal na escolhinha da Hering antes de ser descoberto pelo Atlético Paranaense.
Gabriel Boschilia (São Paulo)
Rápido, dinâmico e com ótimo chute de fora da área, Boschilia começou a jogar no Guarani e mudou-se para o São Paulo em 2012. Canhoto, cobra bem faltas e pode atuar como terceiro homem de meio-campo ou mesmo como segundo volante em alguma necessidade.
Matheus Índio (Vasco)
Nascido e criado na Pavuna, no Rio de Janeiro, Matheus Índio chegou ao futsal do Vasco aos sete anos e sempre encantou pela habilidade com a perna esquerda. Nos últimos tempos, porém, perdeu espaço, recuou para jogar como volante, e mesmo com a cobiça do Arsenal, ainda é uma incógnita e precisa voltar a mostrar o futebol de antes para não ficar no meio do caminho.
Gabriel Barbosa (Santos)
Atualmente o jogador mais badalado do elenco, não tem garantida a posição de titular, mas deverá ter boas chances de conquistá-la. Canhoto, tem muita força e ótima finalização, podendo atuar centralizado ou nos lados do campo, e poderá começar a justificar na Seleção o apelido de Gabigol.
Kennedy (Fluminense)
Jogador com características semelhantes às de Gabigol, é mais querido por Gallo por ter segurado as pontas no Sul-Americano Sub-17 como centroavante. Para muitos, é o melhor sub-17 do Brasil, mas uma lesão no púbis o atrapalha e o próprio Fluminense reclama de sua convocação.
ATACANTES
Mosquito (Atlético Paranaense)
Com passagens por Flamengo e Vasco, Mosquito foi o artilheiro da Seleção no Sul-Americano Sub-15, mas perdeu espaço após se recusar a assinar com o Vasco (especula-se que teria pedido R$ 50 mil mensais) e ficar um bom tempo sem jogar. De volta aos gramados pelo Atlético Paranaense, recuperou a posição, mas poucos acreditam que ele seja tão decisivo quanto foi há dois anos.
Joanderson (São Paulo)
Centroavante alto, magro e canhoto, lembra Jô, do Atlético Mineiro, em alguns momentos, pois também demonstra habilidade com a bola e agilidade nos movimentos. Foi muito bem na Copa do Brasil Sub-17 pelo São Paulo, e pode ser uma ótima opção para o jogo aéreo e para as tabelas.
QUEM PODERIA TER IDO?
A ausência mais sentida é a de Ewandro, meia-atacante canhoto do São Paulo, que foi decisivo na Copa do Brasil e certamente merecia uma vaga. O duro é escolher quem sairia, pois sua posição é a mais bem servida do time e Gallo já conta com Kennedy e Gabriel. Gerson, do Fluminense, poderia atuar centralizado, mas sofreu uma contusão. Ronaldo, do Vitória, é um ótimo goleiro e poderia ser a terceira opção no lugar de Gabriel. Íkaro, do Fluminense, é um ótimo volante e poderia estar na posição que Thiago Maia ocupa, assim como os laterais esquerdos Jorge, do Flamengo, e Lorran, do Vasco, poderiam estar no grupo se Gallo optasse por levar alguém com características semelhantes às de Abner. Outro que poderia estar tranquilamente na lista é Robert, do Fluminense.
O QUE PENSO DESSA GERAÇÃO?

Creio que é um time melhor do que o de 2011, a geração /94, mas inferior à geração /92, que contava com Neymar, Coutinho, Casemiro, Wellington Nem e Fernando, todos já com passagem pela seleção principal. Mas os próprios resultados das duas equipes (a /94, pior, ficou em quarto lugar, e a /92, melhor, foi eliminada na primeira fase) indicam que há uma certa imprevisibilidade em uma categoria tão jovem. O Brasil é um dos favoritos, mas precisa fazer valer sua melhor condição dentro de campo.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Refugiados de guerra formam base da Bósnia que vem para a Copa do Mundo

Além de mortos, feridos, mutilados, mudanças de fronteiras e diversas consequências maiores, as guerras do Século XX mudaram a geografia do futebol mundial. E uma dessas mudanças ainda é uma jovem adulta de 21 anos. Reconhecida como um país independente no dia 6 de abril de 1992, a Bósnia garantiu hoje uma vaga na sua primeira Copa do Mundo ao vencer a Lituânia por 1 a 0 e é, até agora, a única seleção estreante do torneio. Festa no país inteiro, que tem índices de desemprego altíssimos até para os padrões da Europa em crise. E sobretudo de alguns atletas que tiveram de deixar o país forçadamente durante a Guerra da Bósnia, que deixou mais de 200 mortos entre 1992 e 1995.
Ao todo, seis jogadores entre os 23 convocados para os últimos jogos das Eliminatórias para a Copa, contra Lichtenstein e Lituânia, são refugiados de guerra, quatro deles titulares. Um deles é o goleiro Asmir Begovic, que foi para a Alemanha se tornou torcedor do Bayern Munique ainda na infância e também chegou a morar no Canadá. O meia Miralem Pjanic, hoje na Roma, foi levado pela família para Luxemburgo quando tinha apenas dois anos e chegou a atuar pelas seleções de base luxemburguesas antes de optar por jogar pela Bósnia.
A história mais triste, no entanto, é a do meio-campista Haris Medujanin (foto), atualmente no Gaziantepspor-TUR. Aos sete anos, ele se mudou com a mãe e a irmã para a Holanda. O pai, no entanto, não pôde ir junto e acabou por morrer no confronto. A família do meia Sejad Salihovic mudou-se para a Alemanha, e hoje ele se destaca como um ótimo cobrador de faltas na Bundesliga atuando pelo Hoffenheim. O também meia Senad Lulic foi para a Suíça e atuou no Young Boys antes de se mudar para a Lazio-ITA. Completam a lista de refugiados o goleiro Jasmin Fejzic e o defensor Emir Bicakcic (ambos imigraram para a Alemanha).

Há também refugiados em outras seleções que vêm ao Brasil, como os suíços Xherdan Shaqiri e Granit Xhaka, nascidos em Kosovo, na mesma cidade, e amigos de infância. Ou do croata Luka Modric, que vivia mudando de endereço durante a mesma guerra da qual os bósnios fugiram e viu vários vizinhos morrerem ao longo da infância. Modric, no entanto, ainda não garantiu presença na Copa do Mundo. Terá ainda que vencer a repescagem com sua seleção.

De volta

Bom, como vocês podem ver, depois de um bom tempo de inatividade, voltarei a postar aqui. Nesta segunda-feira, deixei o Correio Braziliense, e por enquanto estou livre. A hora é de tocar projetos pessoais até arrumar o próximo emprego, e escrever coisas minhas mesmo, textos sobre qualquer assunto, sem limites de espaço ou de conteúdo. E bom, é isso, espero alimentar mais esse blog nos próximos dias.

Abraços