Seu Jaime e o Athletic Bilbao

Quando eu vivia em São Luís, gostava de ir ao Bar do Messias para assistir jogos de futebol. É um lugar barulhento, mas muito pacífico, e já cheio de personagens emblemáticos, como Seu Jaime (nome fictício), um imigrante espanhol torcedor do Athletic Bilbao.

Seu Jaime é um homem de meia idade, simples, com as feições cansadas de quem já foi bastante maltratado pela vida. Sujeito simpático, afirma ter nascido na Galicia, perto de La Coruña, mas torce para o time basco, conhecido por sua postura extremamente nacionalista de não aceitar jogadores extrangeiros no time.

Além de torcedor do Athletic, Seu Zé odeia o Barcelona. E a Catalunha. "Os catalões são uns playboys, ficam falando de independência, mas nunca brigaram por isso de verdade. Nunca explodiram um carro", explica.

Seu Jaime, no entanto, afirma ter ficado feliz com o título da seleção espanhola, e até confessa a admiração ao rival Xavi. "Ele é catalão, mas joga pra c...". E, convenhamos, não há muito como discordar disso.

O enigma de Blanshu

Sexta-feira, São Luís, bar na Praia Grande. Um grupo de amigos bebe a sua cerveja sossegadamente e conversa sobre várias amenidades. Futebol, música, história, filosofia, tampinhas de garrafa, etc. Até que, em determinado momento, um dos membros da mesa observa uma bela mulher passando, daquelas de causar acidentes na orla de Copacabana. Admirado, comenta algo sobre a beleza dela com o amigo ao lado, mas a esposa percebe, e interpela.

- O que vocês tão falando?

- Nada, estávamos comentando sobre um filósofo - diz o marido.

- Ah é? Qual filósofo? - Pergunta ela.

- Blanshu. É um asiático - responde ele.

Era o início da propagação da fama de Blanshu. Pouco se sabe sobre ele, apenas que foi um filósofo de grande relevância nos tempos do feudalismo asiático, mas também peregrinou pela África, sobretudo na região do Magreb, pois, nascido nas Filipinas, foi criado no Egito. Passou fome, frio, mas no fim da vida julgava todas essas dificuldades serviram para formar a sua sabedoria, reconhecida como vanguardista nos círculos mais importantes da filosofia mundial.

Blanshu, definitivamente, não passou pela vida à toa. Foi soldado em guerras, comerciante, ator de teatro em peças de qualidade duvidosa (para se aproximar mais da plebe, dizia). Lançou três livros de suma relevância para a comunidade mundial. "O vazio da plenitude", "Arcabouço, cabedal e nariz de cera" e "Do amor e da sacanagem". Este último figurou como best-seller por cerca de 44 semanas na revista "Contemple", também conhecida como "A 'Veja' dos filósofos".

Há relatos também de que ele tenha deixado descendentes. O mais próximo de nós, ao que tudo indica, está no Ceará e é conhecido como Blanchu. Certamente foi vítima de algum erro no cartório.

Futebol, entre outras coisas

Bem vindo ao "Futebol e outras coisas". Enquanto eu não conseguir fama, aplausos, dinheiro em boa quantidade e inimigos de fachada, isso aqui é apenas um blog. Blog este que nasceu, como diria um velho jargão do jornalismo pasquiniano, livre como um taxi. Aqui, a linha editorial simplesmente não existe, e a esculhambação é a lei, ou não. Pode ser que qualquer dia desses eu fale sério, mas geralmente eu falo mais sério na Trivela.com e no Olheiros.net, sites para os quais escrevo.

Aqui não. Aqui eu quero contar histórias, me divertir, descrever situações pelas quais passei, falar sobre arte, amor, videogame, música, futebol, futebol e futebol. E cerveja, talvez. Ou não. Aqui, o proibido é patrulhar, e talvez também seja proibido bancar o babaca. O cidadão que fizer isso será castigado com o mais puro desprezo e ignorado para todo o sempre no blog.

Os enredos das histórias geralmente terão o futebol como pano de fundo, mas, se você não é energúmeno, sabe que "geralmente" não significa sempre. Quando eu mudar de ideia, passarei a escrever sobre o boom da bolsa de valores de Botswana ou a crise de identidade das gaivotas em Gibraltar. Música, amor e frases de efeito completam o roteiro disso aqui. Se você gosta um pouco disso, terá a oportunidade de se divertir. Ou não.