quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Barração na Espanha, timidez e números de craque: Conheça Roberto Firmino, o melhor brasileiro da Bundesliga

Assim como Diego Costa, Roberto Firmino não é um nome muito conhecido no Brasil, o que não quer dizer que não seja bom de bola. Camisa 10 do Hoffenheim-ALE, o alagoano de 22 anos é o melhor jogador brasileiro da Bundesliga até o momento, e superou, assim como vários jogadores de sucesso, vários obstáculos, entre eles o fato de ter sido impedido de entrar na Espanha.
O episódio aconteceu em 2009. Na época, Firmino era destaque dos juniores do Figueirense e foi convidado pelo Olympique de Marseille para fazer testes. O clube francês mandou uma carta confirmando a intenção, e a passagem, com escala em Madri, o que se revelaria um complicador. Na ocasião, a Espanha mantinha uma política de restrição de entradas no país, impedindo a entrada de vários brasileiros. O meia, mesmo com a carta e explicando tudo, foi um deles.
"Tivemos que ligar para a polícia, explicar tudo, mas não teve jeito. Ele acabou voltando para o Brasil e retornou à França depois, indo para Paris", revela Erasmo Damiani, hoje coordenador da base do Palmeiras, um dos responsáveis pela chegada do jogador ao Figueirense junto ao CRB-AL, em 2008. Sobre as características de Firmino, ele é só elogios. "É um camisa 10 moderno, que recompõe muito bem em campo, tem um ótimo drible e se adapta a vários esquemas táticos, pois já treinávamos assim na base do Figueirense. Acho que isso o ajudou muito na adaptação à Europa".
Outro admirador do futebol de Firmino é Klauss Lopes Câmara, que trabalhou por muito tempo com Damiani no Figueirense e também viu a chegada do meia em Florianópolis. "É um menino introvertido, de falar pouco, mas não dá trabalho nenhum fora de campo e lê o jogo como ninguém", diz Klauss, que posteriormente repetiu a dupla com Damiani no Atlético Paranaense e passou pelo Cruzeiro antes de ir para o Fluminense, onde trabalha atualmente. Juntos, os dois foram campeões da Copa São Paulo pelo clube catarinense em 2008 e vices pelo Furacão, em 2009.
A aventura no Olympique não deu certo, mas logo Roberto Firmino se firmou nos profissionais do Figueirense, ganhou a posição no time titular e foi importantíssimo na campanha do acesso da Série B de 2010. Rapidamente foi vendido ao Hoffenheim, se adaptou ao futebol europeu e hoje é o destaque absoluto do time, com sete gols marcados e quatro assistências em dez jogos disputados. Números parecidos, por exemplo, com os de Marco Reus, estrela do Borussia Dortmund e da seleção alemã, que soma seis gols e cinco assistências.
O sucesso não passou despercebido. Na última janela de transferências, o Hoffenheim recebeu uma proposta de € 13 milhões para vendê-lo e recusou. Quer pelo menos o dobro, e acha que pode conseguir. Sobre Seleção Brasileira, o jogador afirma em seu site (com versões em português e alemão e no qual, entre outras coisas, ele declara que era corintiano na infância) que se trata de um sonho. Convocado por Ney Franco para a Seleção Sub-20 em 2011, poderia ter atuado no Mundial da categoria, mas foi cortado por lesão e não foi lembrado novamente para os Jogos Olímpicos. Há quem aposte, no entanto, que se fosse convocado para a Seleção principal, não sairia mais do grupo, mas não parece uma conjuntura possível para o momento, e sim para 2018.

Enquanto isso não acontece, porém, o meia segue seu caminho na Bundesliga. E é importante que o técnico da Seleção Brasileira, seja ele quem for após a Copa de 2014, fique de olho, assim como Felipão fez com Luiz Gustavo, apostando num "desconhecido" que se tornou um homem de confiança na Copa das Confederações. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Zezinho, Alex Telles e as voltas que o mundo do futebol dá

A roleta do futebol é um moto-contínuo de apostas feitas pelos profissionais da bola, algumas delas certas, muitas outras erradas. Nem todas bem sucedidas por mérito do apostador ou muito menos desventuradas por falta de competência dos técnicos, diretores e observadores dos times, que têm a missão de garimpar, encontrar e lapidar as pedras preciosas que julgam ter em mãos. Existem jogadores nos quais todo mundo acredita e que não explodem, assim como aqueles que contrariam todas as previsões negativas e se tornam estrelas, sentando na janelinha do ônibus que dá voltas pelo mundo futebolístico.
Zezinho (foto), hoje meia do Atlético Paranaense e nascido em 1992, é um exemplo clássico do primeiro caso. Formado como lateral esquerdo, logo encantou a todos com uma habilidade acima da média. Canhoto, dono de um chute forte, partia para cima dos zagueiros e já com 16 anos foi promovido para os profissionais do Juventude. Virou meia, foi cortejado pelo Arsenal e ganhou um contrato acima da realidade do clube, com multa rescisória de R$ 40 milhões. Com o dinheiro, comprou um BMW velho, no qual o irmão dele o levava para o treino todos os dias.
Alex Telles, que se enquadra no segundo caso, vivia uma realidade completamente diferente. Também nascido em 1992, era reserva de Zezinho na lateral esquerda. Pouco desenvolvido fisicamente, tinha um bom cruzamento, mas estava longe de se destacar como o rival pela posição. Em reuniões internas, a dispensa dele foi cogitada em diversas oportunidades e só não aconteceu de fato porque ele é nascido em Caxias do Sul e a permanência dele não significava um grande custo para o clube. Ia de ônibus para o treino.
Zezinho, que é nascido em Uruguaiana, saiu do Juventude vendido, em 2010. Foi para o Santos, onde não conseguiu se firmar. Ao invés do Arsenal, destino provável em caso de um bom rendimento ao lado de Neymar (muitos gaúchos diziam em 2009 que Zezinho era melhor do que Neymar), o destino, por empréstimo, foi o Bahia, onde também não acertou. As noitadas, a bebida, a vida intensa fora de campo fizeram com que ele perdesse oportunidades, e a volta ao Atlético Paranaense na Série B foi a melhor opção. Hoje volante, tem algum destaque, mas está longe de cumprir as expectativas que criou aos 17 anos.
Alex Telles, ao contrário, ficou em Caxias do Sul até o ano passado. Já havia crescido, foi uma das revelações do clube em 2011, e a Série D parecia pequena demais para o seu futebol. Disciplinado, é descrito pelos técnicos como um jogador com "mentalidade europeia" e "muito inteligente". Tomou conta da lateral esquerda do Grêmio, a ponto de barrar o badalado André Santos e ser apontado como uma das principais revelações do Campeonato Brasileiro.

Nesta quarta-feira, os dois se enfrentam no jogo de volta da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Paranaense. E o mundo do futebol pode dar mais uma volta, deixando Alex Telles no meio do caminho e levando Zezinho para a final do torneio, inédita para a história do Furacão. Ainda assim, hoje é difícil acreditar que o destino dos dois seja muito diferente do que já foi traçado até agora, por mais que o futebol tenha o costume de surpreender e pregar peças nas certezas que construímos com o tempo. 

domingo, 3 de novembro de 2013

Após "perder" Bernard, Borussia Dortmund sonda Otávio, do Internacional

Depois de sondar Bernard no meio do ano e se assustar com a alta pedida do presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, o Borussia Dortmund agora se interessa em contratar outro jogador brasileiro. O alvo da vez é Otávio, meia-atacante do Internacional e uma das principais revelações do Campeonato Brasileiro de 2013.  A especulação já circula internamente no clube colorado.
Aos 18 anos, Otávio é nascido em João Pessoa, mas antes de ir para o Inter, atuava no futebol de salão do Santa Cruz-PE. Pequenino, foi recusado em vários clubes por causa do tamanho e chegou a ser testado na lateral direita antes de se firmar como segundo atacante. Assim, como o jogador mais adiantado da linha de 3 do 4-2-3-1, ele já marcou cinco gols em 19 jogos pelo Campeonato Brasileiro, o mais bonito deles num chute de fora da área no ângulo, contra o Náutico.
Em tese, Otávio se encaixaria bem no time alemão. É rápido, como gosta o técnico Jürgen Klopp, intenso e já com boa bagagem nos profissionais, seria, mais do que uma aposta para o futuro, uma boa reposição para nomes como Marco Reus e Jakub Blaszczykowski, encorpando o elenco e fazendo com que Klopp possa descansar alguns de seus principais jogadores com mais tranquilidade.

Ao Inter, se a venda se confirmar (e por enquanto é importante deixar claro que, até onde se sabe, é apenas uma conversa, não há nada definido), fica clara mais uma vez a opção do clube: vende os garotos revelados na base, gasta aos tubos com veteranos que vêm de fora e nem sempre dão o retorno necessário, e segue segurando bravamente um lugar nas posições intermediárias do Campeonato Brasileiro.