terça-feira, 5 de novembro de 2013

Zezinho, Alex Telles e as voltas que o mundo do futebol dá

A roleta do futebol é um moto-contínuo de apostas feitas pelos profissionais da bola, algumas delas certas, muitas outras erradas. Nem todas bem sucedidas por mérito do apostador ou muito menos desventuradas por falta de competência dos técnicos, diretores e observadores dos times, que têm a missão de garimpar, encontrar e lapidar as pedras preciosas que julgam ter em mãos. Existem jogadores nos quais todo mundo acredita e que não explodem, assim como aqueles que contrariam todas as previsões negativas e se tornam estrelas, sentando na janelinha do ônibus que dá voltas pelo mundo futebolístico.
Zezinho (foto), hoje meia do Atlético Paranaense e nascido em 1992, é um exemplo clássico do primeiro caso. Formado como lateral esquerdo, logo encantou a todos com uma habilidade acima da média. Canhoto, dono de um chute forte, partia para cima dos zagueiros e já com 16 anos foi promovido para os profissionais do Juventude. Virou meia, foi cortejado pelo Arsenal e ganhou um contrato acima da realidade do clube, com multa rescisória de R$ 40 milhões. Com o dinheiro, comprou um BMW velho, no qual o irmão dele o levava para o treino todos os dias.
Alex Telles, que se enquadra no segundo caso, vivia uma realidade completamente diferente. Também nascido em 1992, era reserva de Zezinho na lateral esquerda. Pouco desenvolvido fisicamente, tinha um bom cruzamento, mas estava longe de se destacar como o rival pela posição. Em reuniões internas, a dispensa dele foi cogitada em diversas oportunidades e só não aconteceu de fato porque ele é nascido em Caxias do Sul e a permanência dele não significava um grande custo para o clube. Ia de ônibus para o treino.
Zezinho, que é nascido em Uruguaiana, saiu do Juventude vendido, em 2010. Foi para o Santos, onde não conseguiu se firmar. Ao invés do Arsenal, destino provável em caso de um bom rendimento ao lado de Neymar (muitos gaúchos diziam em 2009 que Zezinho era melhor do que Neymar), o destino, por empréstimo, foi o Bahia, onde também não acertou. As noitadas, a bebida, a vida intensa fora de campo fizeram com que ele perdesse oportunidades, e a volta ao Atlético Paranaense na Série B foi a melhor opção. Hoje volante, tem algum destaque, mas está longe de cumprir as expectativas que criou aos 17 anos.
Alex Telles, ao contrário, ficou em Caxias do Sul até o ano passado. Já havia crescido, foi uma das revelações do clube em 2011, e a Série D parecia pequena demais para o seu futebol. Disciplinado, é descrito pelos técnicos como um jogador com "mentalidade europeia" e "muito inteligente". Tomou conta da lateral esquerda do Grêmio, a ponto de barrar o badalado André Santos e ser apontado como uma das principais revelações do Campeonato Brasileiro.

Nesta quarta-feira, os dois se enfrentam no jogo de volta da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Paranaense. E o mundo do futebol pode dar mais uma volta, deixando Alex Telles no meio do caminho e levando Zezinho para a final do torneio, inédita para a história do Furacão. Ainda assim, hoje é difícil acreditar que o destino dos dois seja muito diferente do que já foi traçado até agora, por mais que o futebol tenha o costume de surpreender e pregar peças nas certezas que construímos com o tempo. 

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