terça-feira, 15 de outubro de 2013

Refugiados de guerra formam base da Bósnia que vem para a Copa do Mundo

Além de mortos, feridos, mutilados, mudanças de fronteiras e diversas consequências maiores, as guerras do Século XX mudaram a geografia do futebol mundial. E uma dessas mudanças ainda é uma jovem adulta de 21 anos. Reconhecida como um país independente no dia 6 de abril de 1992, a Bósnia garantiu hoje uma vaga na sua primeira Copa do Mundo ao vencer a Lituânia por 1 a 0 e é, até agora, a única seleção estreante do torneio. Festa no país inteiro, que tem índices de desemprego altíssimos até para os padrões da Europa em crise. E sobretudo de alguns atletas que tiveram de deixar o país forçadamente durante a Guerra da Bósnia, que deixou mais de 200 mortos entre 1992 e 1995.
Ao todo, seis jogadores entre os 23 convocados para os últimos jogos das Eliminatórias para a Copa, contra Lichtenstein e Lituânia, são refugiados de guerra, quatro deles titulares. Um deles é o goleiro Asmir Begovic, que foi para a Alemanha se tornou torcedor do Bayern Munique ainda na infância e também chegou a morar no Canadá. O meia Miralem Pjanic, hoje na Roma, foi levado pela família para Luxemburgo quando tinha apenas dois anos e chegou a atuar pelas seleções de base luxemburguesas antes de optar por jogar pela Bósnia.
A história mais triste, no entanto, é a do meio-campista Haris Medujanin (foto), atualmente no Gaziantepspor-TUR. Aos sete anos, ele se mudou com a mãe e a irmã para a Holanda. O pai, no entanto, não pôde ir junto e acabou por morrer no confronto. A família do meia Sejad Salihovic mudou-se para a Alemanha, e hoje ele se destaca como um ótimo cobrador de faltas na Bundesliga atuando pelo Hoffenheim. O também meia Senad Lulic foi para a Suíça e atuou no Young Boys antes de se mudar para a Lazio-ITA. Completam a lista de refugiados o goleiro Jasmin Fejzic e o defensor Emir Bicakcic (ambos imigraram para a Alemanha).

Há também refugiados em outras seleções que vêm ao Brasil, como os suíços Xherdan Shaqiri e Granit Xhaka, nascidos em Kosovo, na mesma cidade, e amigos de infância. Ou do croata Luka Modric, que vivia mudando de endereço durante a mesma guerra da qual os bósnios fugiram e viu vários vizinhos morrerem ao longo da infância. Modric, no entanto, ainda não garantiu presença na Copa do Mundo. Terá ainda que vencer a repescagem com sua seleção.

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